domingo, 6 de abril de 2014

CÂMARA MUNICIPAL DE VOTORANTIM APROVA PROJETO DE LEI QUE PROÍBE RODEIO EM LOCAIS PÚBLICOS



COMENTÁRIO

Foi aprovado pela Câmara Municipal, na sessão de 31 de março de 2014, projeto de lei que proíbe a realização de rodeios, touradas e eventos similares em locais públicos de Votorantim. O projeto que visa evitar maus tratos aos animais, agora depende de sanção do prefeito para virar lei. O projeto é de autoria do vereador Pedro Nunes, que no passado já apresentou outro projeto, que hoje é lei, proibindo o uso de animais em espetáculos circenses e que sempre demonstrou preocupação com as questões ambientais.

O vereador e seus pares estão de parabéns, pois o projeto foi aprovado por unanimidade, apesar de todos nós sabermos como esses espetáculos deprimentes agradam em muito uma significativa parcela da população, que muitas vezes até desconhece os maus tratos e sofrimentos impostos a esses animais.

Podemos afirmar que Votorantim está avançando em matéria de defesa dos direitos dos animais. Já temos a dos circos, agora a dos rodeios. Mas se observarmos bem, essa nova lei cita apenas espaços públicos, não abrangendo os particulares. Portando os rodeios podem continuar acontecendo normalmente em nossa cidade, apesar de não fazerem parte de nossa tradição local. Então, ainda não foi um grande avanço, apenas um pequeno passo.

O vereador Pedro Nunes já garantiu que assim que a lei seja sancionada vai apresentar emenda estendendo a proibição aos locais particulares, ou seja, em todo território de município. Vamos acompanhar. A causa animal agradece!

quarta-feira, 2 de abril de 2014

RIO SOROCABA: PRAZER EM CONHECER!

ARTIGO

Publicado na Folha de Votorantim em 25 de março de 2014

Elzo Savella


LEI Nº 1383 Dispõe sobre a instituição do “Dia do Rio Sorocaba”.
Art. 1º -  Fica instituído o “Dia do Rio Sorocaba”, a ser
comemorado anualmente no dia 25 de março.

Nasci e me criei às margens do rio Sorocaba. Minha infância e adolescência foram marcadas pelo cruzar a ponte da rua Olaria inúmeras vezes ao dia para ir do bairro da Chave à antiga rua do Comércio. Outro ponto familiar do rio era a cachoeira da Chave, mas esse de atratividade para o lazer, onde a criançada muitas vezes se arriscava em aventuras às escondidas. Naquele tempo parece que não havia perigos e, ademais, para aqueles que moravam na Chave, a cachoeira estava praticamente no quintal de suas casas. Brincávamos em suas águas como quem brinca com um amigo. Ainda eram águas limpas e cristalinas. Pescávamos também!

Ao passar sobre a ponte sempre foi inevitável a reflexão sobre a origem e o destino daquelas águas que sob a ponte passavam. Às vezes rápidas, às vezes lentas. Às vezes ralas, às vezes volumosas. Algumas vezes ameaçadoras! Os mais antigos falavam da famosa enchente de 1929. Sempre tinha o perigo de acontecer outra vez. Em 1982 aconteceu de novo. Mas o rio sempre foi generoso. Podemos dizer que Votorantim é uma dádiva do rio Sorocaba, pois a cidade surgiu da força motriz que o rio oferece especialmente aqui, descendo a serra. E sua gente sempre saciou a sede com sua água. Esse é o rio Sorocaba que conheci. O rio da minha terra. “Deste meu Votorantim”.

Já adulto, recentemente, tive uma rara oportunidade. Um privilégio e uma honra. A proposta era percorrer o rio Sorocaba em toda sua extensão, desde o seu surgimento até sua desembocadura. Percorrer quilometro por quilometro, algumas vezes a pé por suas margens, mas a maior parte do percurso navegando suas águas, todos os 257 km do leito do nosso rio. Esclarecer (para o menino sobre a ponte) a origem e o destino daquelas águas que por debaixo daquela ponte passavam!

E fomos nessa empreitada! Mas, 257 km!? Nasce em Ibiúna e desemboca no rio Tietê? Passa por mais onze cidades além de Votorantim? Aí o rio já se tornou um desconhecido, um estranho.

Pude ver o nascimento do rio Sorocaba. Acontece no município de Ibiúna com o encontro, ou confluência, das águas dos rios Sorocamirim e Sorocabuçu. Nasce pequeno, de margem a margem tem no máximo 3 m de largura. Aí corre manso cortando várzeas e banhados por 3 km até o lago da represa de Itupararanga. Para atravessar a represa são 26km de navegação. Podemos observar belíssimas paisagens, mas também muitos problemas como áreas ciliares desmatadas, ocupação imobiliária irregular, agricultura com uso de agrotóxicos e esgoto sem tratamento. Isso pode vir a comprometer a qualidade das águas para consumo humano. Mas ainda não. A água é boa.

Saindo da barragem, o rio começa a descer a serra: são mais três represas (do Clemente, Santa Helena e Votocel); e belíssimas cachoeiras: do Cachoeirão (Itupararanga) até a cachoeira da Chave (Vuturaty). Atravessando Votorantim e Sorocaba muitas agressões do passado foram revertidas: esgoto tratado e mata ciliar se regenerando! Podemos ver a vida voltando ao rio: peixes, biguás, garças, socós, cágados e capivaras.

O rio segue adiante em busca de seu destino. Já ficaram para trás seis cidades. Ainda vai encontrar outras seis pelo seu caminho, às quais vai abastecer com sua generosidade. Mais duas represas/usinas geradoras de energia (Santa Adélia e San Juan). Vai crescendo, recebendo seus contribuintes: o rio Ipanema, o Sarapuí, o Tatuí e outros. Vai se alargando, se avolumando. Em alguns trechos chega a mais de 150m de largura. Mata ciliar exuberante, fauna abundante. Mas só em alguns trechos. Em outros, esgotos e desmatamento parecem matar o rio com a falta de oxigênio e assoreamento pela erosão de suas margens. Ah, tem o sumidouro! Lá em Cerquilho. Onde o rio, já imenso, com mais de 100m de largura, some por baixo de lajes de pedra e cavernas subterrâneas. Impressionante!

Mas impressionante mesmo é a sua capacidade de resiliência. Quando sai de Sorocaba podemos observar a grande quantidade de lixo que a cidade, ou melhor, que gente sem respeito por nada, nele descartou e que flutua em suas águas, e, a partir daí, a cada cidade que passa, a grande quantidade de esgoto que recebe. Desse ponto, saindo de Sorocaba até sua desembocadura, o rio vai morrendo e renascendo. Morre e renasce para morrer novamente logo adiante. Vai dando vida às cidades e sendo morto por elas. O rio Sorocaba é um herói: resiste. Quando quase morto, ainda dá vida a muitos.

Mas o destino final o aguarda. Novamente depurado, chega bonito, limpo e formoso ao seu encontro com o rio Tietê... desemboca nas águas pútridas do Tietê! Tudo perdido. É um encontro final com a morte. Apesar do destino inglório, percorreu heroicamente seu caminho. Deu água, alimentos, lazer e energia por onde passou. Foi respeitado por uns e agredido por outros. Até quando?

Esse é o rio Sorocaba que tive o privilégio de percorrer por inteiro. Prazer em conhecer! Parabéns pelo seu dia!

         
Elzo Savella é professor, ambientalista, gestor ambiental, mestre em sustentabilidade, integrante do grupo Caturro Navegantes e navega o rio Sorocaba há sete anos. savellax@gmail.com

ÁGUA É VIDA

ARTIGO
Publicado na Gazeta de Votorantim em 22 de março de 2014
Elzo Savella

Sem água não existe vida! A água é o elemento mais essencial na formação e manutenção de todos os organismos vivos. Nós dependemos da água para quase todas as nossas atividades, pois ela é necessária tanto para a sobrevivência pessoal como para todas as atividades econômicas.

O Brasil é um país privilegiado em recursos hídricos. Mas o ufanismo com que sempre nos referíamos a eles, talvez nos tenha levado à falsa ideia de que eram inesgotáveis. Hoje, com o aumento da população e das atividades econômicas de um sistema baseado no consumismo, já nos deparamos com um problema: a água doce disponível poderá tornar-se insuficiente para atender todas as necessidades humanas. Poluição, desmatamento, supressão de nascentes, despejo de esgoto e uso excessivo e descontrolado, estão diminuindo a disponibilidade de água para consumo.

Os governos, em todas as esferas, cada vez mais se vêem obrigados a tomar medidas para garantir a preservação e o acesso à água para todos. Mas a situação ainda é crítica no que se refere a ocupação de áreas de mananciais e perdas na produção e distribuição da água tratada.

Muitos empresários, preocupados com o custo maior que a água passa a ter, já estão adotando sistemas de produção mais limpos e eficientes, que reduzam o consumo e gerem menos efluentes para serem tratados. O fato é que, geralmente, somente se chega a algumas consciências através do bolso.

E nós, cidadãos, o que podemos fazer diante desse problema que pode afetar a nossa sobrevivência? Enquanto não se muda o modo de produção, o padrão de consumo e as ações governamentais ainda não são eficientes, o que fazer?

A chave para isso é mudança de comportamento. Todo cidadão deve cobrar ações governamentais na área ambiental e escolher produtos ambientalmente corretos, sim! Mas deve, também, mudar a sua postura em relação ao uso correto da água. Não compactuar com a poluição de mananciais e com o desmatamento, e ações simples no dia-a-dia, como: uso racional da água no banho, na cozinha, na limpeza da casa e do carro, nos jardins e no controle de vazamentos. São atitudes simples que não se refletem apenas na conta da água, mas que somadas contribuem com a preservação de mananciais e maior disponibilidade e qualidade da água.

Portando se cada cidadão tomar consciência e mudar de atitude, poderemos ter a certeza de que alguma coisa poderá mudar, pois cidadãos são trabalhadores, empresários, políticos, governantes...
 
Elzo Savella é professor, mestre em sustentabilidade
 e presidente da AVA – Associação Vuturaty Ambiental