Publicado na Gazeta de Votorantim em 10/05/2014
Elzo Savella
Muito
se fala em sustentabilidade hoje. O termo é muitas vezes usado de forma vaga
para servir aos mais diversos interesses quando se quer demonstrar pretensos
compromissos principalmente com a continuidade de aspectos ambientais. Como é
um termo novo que serve a gregos e troianos, nos parece que o conceito de
sustentabilidade demandará algum tempo para incorporar uma visão mais crítica a
partir de uma maior elaboração teórica.
Embora seja muito usado como um termo
referente à área ambiental, na verdade sustentabilidade é um conceito sistêmico
originalmente baseado no tripé das variáveis econômicas, sociais e ambientais
de um processo ou da continuidade desses aspectos na sociedade humana. A esse
tripé original se incorporou a variável cultural, e muitos já estão incluindo
outras como a ética e a política. Ou seja, podemos dizer que sustentabilidade é
atender as necessidades de realização humana nos aspectos econômicos, sociais e
culturais fazendo uso racional dos recursos naturais garantindo a continuidade
desses aspectos e recursos para as futuras gerações. Essa é a definição mais
simples.
Quando vamos aplicar esse conceito
nas diversas áreas da atividade humana ele pode se tornar mais complexo.
Ouvimos falar de projetos sustentáveis, eventos sustentáveis, empresas
sustentáveis e outras sustentabilidades. Mas uma questão que nos parece
interessante e mais próxima de nossas vidas é a das cidades sustentáveis. Sim,
pois é nas cidades que a maioria de nós vive. Mas o que são cidades
sustentáveis?
De modo simples podemos definir
cidades sustentáveis como aquelas que garantem o direito ao saneamento
ambiental, à mobilidade urbana, ao trabalho, à moradia, ao lazer, aos equipamentos
urbanos adequados e boa infraestrutura, para a presente e futuras gerações.
Isso de modo simples. Mas como dissemos, a questão é mais complexa.
Além desses itens, que devem ser
básicos para qualquer cidade, podemos acrescentar: planejamento visando o
correto ordenamento do território e o adensamento urbano, disponibilizando
áreas verdes para a qualidade ambiental, recreação e lazer; desenvolvimento de
políticas públicas que promovam a inclusão social, a erradicação da pobreza e o
direito à moradia; incentivo a uma economia local criativa com responsabilidade
social e preservação dos recursos naturais; democracia participativa com a
participação da comunidade na tomada de decisões; desenvolvimento de programas
de proteção e recuperação ambiental; implementação de programas de educação
para a sustentabilidade; desenvolvimento de políticas públicas para uma cultura
local para a sustentabilidade e diversidade cultural; gestão pública ética,
transparente e eficiente com planejamento, execução e avaliação.
Muitas cidades no mundo e algumas no
Brasil estão seguindo o modelo de cidades sustentáveis. E a minha, a sua, a
nossa? Está pelo menos no início desse caminho?
Elzo
Savella é
professor, historiador, ambientalista, gestor ambiental, mestre em
sustentabilidade. savellax@gmail.com
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